Tiraram a minha alegria

Não consegui ficar completamente alegre ontem. A euforia e esperança pela eminente saída do PT do governo se misturou ao choque e vergonha com a atuação dos nossos parlamentares.

Um show de horrores, de falta de preparo, de desrespeito, de honradez. Tirando 2 ou 3, que embora pensem diferente de mim, estão ali por puro ideologismo, o resto está em nome dos filhos, da avô de 100 anos, do tio que morreu, da tia que o criou, da mulher, do neto que vai nascer. Não se lembraram nem por um minuto que o cargo não lhes pertence! A cadeira de ocupam é do povo! Eles não tem que votar pelo filho Tiago de 5 anos e pela filha Mariana de 3!!!! Não que Tiago e Mariana não mereçam, mas enquanto deputados, eles votam pelo povo, são pagos pelo povo e devem satisfação ao povo. 

Ocupar um assento na Câmara exige estofo. O que 99% dos que ali estão não o tem. Entre traidores, aproveitadores, oportunistas, corruptos e palhaços, o Brasil afunda numa crise moral e política sem precedentes. Jair Bolsonaro invocou o nome de um dos articuladores do Golpe Militar!!! Quase caí da cadeira! Eduardo Cunha, com seu terno bem cortado, sua cara de enfado e suas 4 contas milionárias em paraísos fiscais, comandava o circo. Não, queridos. Não consegui ficar alegre. Fiquei abismada, chocada e arrasada. Já sabia que a Câmara era uma terra de ninguém. Mas foi duro descobrir que é uma terra de hipócritas, que desconhecem o dever de um homem público. Num momento duro e difícil para o país (sim, porque por mais que desejemos a queda do governo, o impeachment cobra um preço), o que se viu foi um bando de despreparados liderados por um gangster. 

Talvez a Câmara seja o retrato do Brasil. Se for, a mudança tem que vir de todos nós. Urge que façamos uma faxina completa, ampla e irrestrita, naquela casa. Que nossos representantes saibam o peso de estarem ali sentados. Que entendam que a Câmara não é palco iluminado para suas acrobacias pessoais. A Câmara é um lugar honrado, onde o povo brasileiro deve ser representado e respeitado, onde se elaboram leis, onde os atos da Administração Pública são fiscalizados. Tudo para o povo, pelo povo e com o povo.