O guarda chuva e a Flavinha

Tenho várias Melhores Amigas. Cada uma para uma finalidade. Flavinha Badaró é minha Melhor Amiga para programas inusitados. É claro que ela é minha amiga para outras coisas também, mas sair com ela é sempre divertido.
Sábado é o dia de fazermos longas caminhadas. E esta semana ela escolheu o centro da cidade.
Lá fomos nós! Protetor solar, boné, tenis, pochete (bolsa nem pensar!), dinheiro trocado e sobrinha caso a chuva aparecesse.
Começamos descendo a rua São Paulo, com parada em todas (repito: todas) as lojas! Ela entra em qualquer porta! Pode ser lojinha, bar, padaria, farmácia! Sua lista de compras era  infindável e ia desde uma ´´rasteirinha nude´´, passando por elástico de sutiã, até o conserto de uma sombrinha inglesa!
O problema é que além de entrar, ela conversa. Sim, ela pergunta tudo:  preço, tamanho, estoque, nome do vendedor, nome da mãe do vendedor, estado civil  e endereço! Fala sobre o tempo, pechincha, pede número maior ou menor, outra cor e se não tiver, pede para encomendar. Cada parada é um flash e gastamos pelo menos 15 minutos em cada birosca!
Verdade seja dita, ninguém conhece o Centro da cidade como ela! Nem os camelôs podem competir! Terminada a lista de ´´comprinhas´´, lá fomos nós para os ´´serviços´´.
O alvo era um senhor que conserta guarda-chuvas na esquina da rua Amazonas. ´´Ele é maravilhoso, Kikota! A sobrinha fica perfeita!´´ .  De fato o senhorsinho lá estava sentado, rodeado de guarda-chuvas, alicates, pregos, linha, agulha, cabos de plásticos e outros acessórios. O lugar já estava cheio, pelo menos 5 clientes aguardando a vez. Em dois minutos Flavinha dominou tudo. Organizou a fila, estabeleceu o tempo de conserto, ´´em dez minutos a senhora volta´´, fez uma triagem das sobrinhas alheias que ela achava que teriam conserto ´´ah, essa não vai ter jeito não, é melhor a senhora comprar outra!´´,  e só não colocou o preço no serviço do homem porque ele não lhe deu tamanha liberdade, porque ai dele se desse! Na fila, uma senhora contou que seu cachorro tinha comido não só a sombrinha, mas também o cartão de crédito e a sandália novinha. Flavinha não se lhe indicou onde adquirir um modelo descolado por 30,00 como dicas para o cãozinho não fazer novas traquinagens.
Na volta, sacolas cheias  e sobrinhas consertadas, voltamos à pé para Lourdes. Eu, confesso, já estava exausta e me rendi ao conforto de um Uber com ar condicionado. ´´Kikota, estou aqui pensando... não seira má ideia agenciar o homem da sobrinha! A moda hoje é reciclar e consertar! Ja pensou o sucesso que ia ser? Quem você conhece que tem este serviço? Quem?´´
Flavinha, Flavinha... te adoro!