Admiração é quase amor

O que te faz admirar uma pessoa? 

A mim, não me encanta o sucesso profissional, a beleza, muito menos a simpatia. Não me encanta o poder, a influência, o prestigio, nem a inteligência. Não é para isso que os meus olhos - e o meu coração - se voltam. O que me faz admirar uma pessoa é quando eu olho para ela e para a sua vida, e tenho vontade de fazer igual. É quando eu sinto aquela pontinha de inveja boa, aquele orgulho de fazer parte da vida dela. E sou exatamente como Graciliano Ramos: ´´acho medonho viver sem paixões´´.  Para mim, a admiração vira amor. Por isso eu amo algumas pessoas da minha família, meus filhos, meu ex-marido, meus ídolos e  minhas grandes amigas. Porque são essas pessoas que me inspiram e que me fazem querer ser melhor todos os dias. 

Mariana Fonseca, minha amada, por exemplo. Mari mora no Sion e trabalha em Lourdes, um bairro movimentado, impossível de conseguir uma vaga. No começo deste ano, como toda mãe amorosa, ela cedeu o carro para a filha Maria, que estuda e trabalha em horários puxados. Passou a ir e voltar do trabalho de carona ou de Taxi. Depois, pensou bem e decidiu que não queria mais depender nem da carona (embora fosse dada com muito amor e boa vontade), nem do preço caro do Taxi. Decidiu ir e voltar do trabalho de ônibus! ´´Kika, ele (o ônibus), passa na porta da minha casa e me deixa na porta do trabalho! Praticamente um motorista particular! Tem coisa melhor?´´. Não, não tem, Mari. 

Ela me disse que vai sentadinha, sossegada. Tem dias que vai olhando a paisagem e em outros vai lendo. Conversa com as pessoas, escuta casos e dá palpite, presta atenção na conversa alheia e já sabe quem são seus ´´colegas´´ de transporte.  Chega em casa feliz da vida. ´´Sabe que o dia que vou de taxi sinto a maior falta do meu ônibus´´?

Mari transformou o problema em prazer. A liberdade de ir e vir em alegria. As pessoas comuns em ´´colegas´´.  Mari, minha amada, não é a toa que tenho o maior orgulho de ser sua amiga.