Quando Mary Millicent Rogers nasceu, seu avô paterno já era um dos homens mais ricos do planeta.
Sócio de John Rockefeller na Stand Oil, Henry Rogers tinha verdadeira adoração pela neta.
Linda e inteligente, Millicent cresceu cercada de todos os luxos e glamour de uma herdeira americana. Casou-se a primeira vez e se divorciou antes mesmo do nascimento do primeiro filho, enquanto rodava o mundo aprendendo sobre arte, moda e línguas.
Seu segundo marido, Paul Peralta-Ramos apresentou à bela socialite o mundo das artes, mais especificamente a arte nativa americana. Millicent ficou completamente apaixonada.
Com muito dinheiro, conhecimento e curiosidade, Millicent passou a colecionar obras de arte, jóias e esculturas de arte indígena. Rodava a América atrás de peças importantes, comprava sem pechinchar, estudava e patrocinava livros e exposições de uma arte até então pouco valorizada.
Millicent era uma referência do high-society, com seu porte de rainha, cultura, beleza e mais dinheiro que Creso. E foi por causa dela que a elite americana passou a olhar a arte indígena, considerada por muitos uma arte quase vulgar, com outros olhos.
Quando todas as mulheres usavam colares de pérolas, Millicent deixou-se fotografar para a Vanity Fair usando vários braceletes de prata e turquesa antigos. Foi um assombro!!!!
Muito do que a arte nativa se tornou hoje, se deve a Millicent. Ela foi sem dúvida, uma de suas maiores incentivadoras.
Na fim da década de 40, Millicent comprou milhares de hectares de terras em Taos, Novo México, e construiu sua icônica casa que ela chamou de Turtle Walk. Além de mudar-se para lá, Millicent passou a conviver com a população local, construiu escolas e levou progresso e dinheiro para a região. Descobria relíquias indígenas e começou a desenhar jóias e roupas inspiradas nas tradições do Novo México. Suas peças eram um sucesso e foram vendidas por verdadeiras fortunas nas lojas badaladas de NY.
Inquieta e à frente de seu tempo, Millicent foi uma das mais importantes defensoras dos direitos civis e indígenas americanos. Existe uma importante lei chamada Millicent Rogers Law que defende os direitos dos índios e imigrantes americanos. (Ouviu, Mr Donald Trump?)
Millicent, que sempre teve uma saúde frágil, morreu jovem, aos 51 anos, mas deixou um legado importantíssimo. Seu filho, Paul Peralta-Ramos, transformou sua monumental coleção em um Museu, considerado hoje uma referência em arte nativa.
Seu estilo cheio de personalidade inspirou designers e artistas. Dior dedicou uma coleção inteira à ela, a Vogue fez um editorial inspirado em seu estilo e várias joalherias usam seu nome ao se referirem às jóias de prata e turquesa, os chamodos Rogers Bracelet.
Mas, do que Millicent mais se orgulhava era de seu engajamento na luta política. Ela dedicou tempo e dinheiro para transformar a vida da comunidade indígena de Taos e deixou expressa sua vontade de que sua coleção fosse admirada e toda renda revertida para a região.
Millicent Rogers é Musa do Blog com louvor!