A jornalista Rachel Sheherazade, talvez por influência do sobrenome, deve achar que vivemos no tempo de Ali Babá, onde não existiam leis, direitos ou deveres e onde se fazia justiça com as próprias mãos.
Sua declaração em pleno horário nobre é vergonhosa e patética. O ladrão que rouba e o bando que o amarra pelo pescoço num poste são exatamente iguais. O bando pode até não roubar, mas se nivela ao criminoso quando comete um ato ilegal.
As milícias urbanas (cruéis, poderosas, bem pagas e vingativas) são o primeiro passo para um estado de descalabro social e de violência. Se mais gente pensasse como Sheherazade, o Brasil ficaria pior do que a Colômbia ou do que uma cidade do Velho Oeste: um reino que não tem lei. E que vença o mais forte. Até que um dia, você pode ser o mais fraco.
Ah, sim, para quem não sabe Sheherazade era a personagem principal do clássico As Mil e Uma Noites.
10 comentários:
Nossa Kika!
Adorei!
Finalmente alguém se posiciona com sensatez sobre essa nova onda de "ode à lei de Talião" disfarçada de justiça.
Há que se ter responsabilidade com o que se diz, principalmente com um microfone nas mãos e em rede nacional.
Parabéns Kika, mais uma vez!
Louise
Ela só fala besteira. Ela é preconceituosa.
Louise querida,
e o mais chocante e assustador é que Shherazade tem seguidores!!! Gente com zero de civilidade que concorda que a justiça pode ser feita por qualquer um.
É claro que vivendo num país livre, qualquer um pode falar e pensar o que quiser, ainda bem, mas o que espanta que outros concordem com tamanha sandice!
Estamos a beira do caos.
Beijos carinhosos,
Kika
Louise querida,
e o mais chocante e assustador é que Shherazade tem seguidores!!! Gente com zero de civilidade que concorda que a justiça pode ser feita por qualquer um.
É claro que vivendo num país livre, qualquer um pode falar e pensar o que quiser, ainda bem, mas o que espanta que outros concordem com tamanha sandice!
Estamos a beira do caos.
Beijos carinhosos,
Kika
não é bem assim Kika... segue a coluna dela na Folha abaixo:
Rachel Sheherazade: Ordem ou barbárie?
11/02/2014 03h00
O fenômeno da violência é tão antigo quanto o ser humano. Desde sua criação (ou surgimento, dependendo do ponto de vista), o homem sempre esteve dividido entre razão e instinto, paz e guerra, bem e mal.
Há quem tente explicar a violência, a opção pela criminalidade, como consequência da pobreza, da falta de oportunidades: o homem fruto de seu meio. Sem poder fazer as próprias escolhas, destituído de livre-arbítrio, o indivíduo seria condenado por sua origem humilde à condição de bandido. Mas acaso a virtude é monopólio de ricos e remediados? Creio que não.
Na propaganda institucional, a pobreza no Brasil diminuiu, o poder de compra está em alta, o desemprego praticamente desapareceu... Mas, se a violência tem relação direta com a pobreza, como explicar que a criminalidade tenha crescido em igual ou maior proporção que a renda do brasileiro? Criminalidade e pobreza não andam necessariamente de mãos dadas.
Na semana passada, a violência (ou a falta de segurança) voltou ao centro dos debates. O flagrante de um jovem criminoso nu, preso a um poste por um grupo de justiceiros deu início a um turbilhão de comentários polêmicos. Em meu espaço de opinião no jornal "SBT Brasil", afirmei compreender (e não aceitar, que fique bem claro!) a atitude desesperada dos justiceiros do Rio.
Embora não respalde a violência, a legislação brasileira autoriza qualquer cidadão a prender outro em flagrante delito. Trata-se do artigo 301 do Código de Processo Penal. Além disso, o Direito ratifica a legítima defesa no artigo 23 do Código Penal.
Não é de hoje que o cidadão se sente desassistido pelo Estado e vulnerável à ação de bandidos. Sobra dinheiro para Cuba, para a Copa, mas faltam recursos para a saúde, a educação e, principalmente, para a segurança. Nos últimos anos, disparou o número de homicídios, roubos, sequestros, estupros... Estamos entre os 20 países mais violentos do planeta. E, apesar das estatísticas, em matéria de ações de segurança pública, estamos praticamente inertes e, pior: na contramão do bom senso!
Depois de desarmar os cidadãos (contrariando o plebiscito do desarmamento) e deixá-los à mercê dos criminosos, a nova estratégia do governo, por meio do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, é neutralizar a polícia, abolindo os autos de resistência.
Na prática, o policial terá que responder criminalmente por toda morte ocorrida em confronto com bandidos. Em outras palavras, é desestimular qualquer reação contra o crime. Ou será que a polícia ousará enfrentar o poder de fogo do PCC (Primeiro Comando da Capital) ou do CV (Comando Vermelho) munida apenas de apitos e cassetetes?
Outra aliada da violência nossa de cada dia é a legislação penal: filha do "coitadismo" e mãe permissiva para toda sorte de criminosos. Presos em flagrante ou criminosos confessos saem da delegacia pela porta da frente e respondem em liberdade até a última instância.
No Brasil de valores esquizofrênicos, pode-se matar um cidadão e sair impune. Mas a lei não perdoa quem destrói um ninho de papagaio. É cadeia na certa!
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Estatuto da Impunidade, está sempre à serviço do menor infrator, que também encontra guarida nas asas dos direitos humanos e suas legiões de ONGs piedosas. No Brasil às avessas, o bandido é sempre vítima da sociedade. E nós não passamos de cruéis algozes desses infelizes.
Quando falta sensatez ao Estado é que ganham força outros paradoxos. Como jovens acuados pela violência que tomam para si o papel da polícia e o dever da Justiça. Um péssimo sinal de descontrole social. É na ausência de ordem que a barbárie se torna lei.
RACHEL SHEHERAZADE, 40, jornalista pela Universidade Federal da Paraíba, é âncora do telejornal "SBT Brasil"
*
Tudo bem que ela compreenda a atitude ( e não a aceite, como relatado em sua coluna), mas o que se espera de um telejornal é a informação com imparcialidade ( o que tem ficado realmente difícil de fazer diante da crueldade, dos roubos, das injustiças nesse País). Enfim, depois da repercussão desse episódio, espero que ela seja mais contida em suas críticas pois as mesmas podem gerar certa revolta e, por consequencia, respaldo para ação de justiceiros. E disso, não precisamos. Afinal, quem pode julgar??? Somos todos santos???
Tudo bem que ela compreenda a atitude ( e não a aceite, como relatado em sua coluna), mas o que se espera de um telejornal é a informação com imparcialidade ( o que tem ficado realmente difícil de fazer diante da crueldade, dos roubos, das injustiças nesse País). Enfim, depois da repercussão desse episódio, espero que ela seja mais contida em suas críticas pois as mesmas podem gerar certa revolta e, por consequencia, respaldo para ação de justiceiros. E disso, não precisamos. Afinal, até a justiça erra...
Kika,
estranho sua crítica a uma jornalista que falou aquilo que milhões de brasileiros pensam mas não tem oportunidade de se expressar. Um artigo como esse só seria um escândalo num país onde o Estado cumprisse suas funções primordiais, dentre as quais a de oferecer segurança a seus cidadãos. Não defendo a violência, mas como nós cidadãos vamos nos defender dos bandidos, eles cada vez mais à vontade, com leis ultrapassadas, sistema jurídico falido, polícia mal paga e mal treinada, políticos que nada se interessam em mudar o atual estado das coisas? Não critico, e, além disso, compreendo a opinião da jornalista.
Um abraço.
Kika
Sem entrar no mérito específico da jornalista , vou me ater ao ponto violência . Com os índices crescendo em proporções geométricas , quem poderia (ou deveria) agir não o faz . Pelo contrário , reprimem a polícia e passam a mão na cabeça dos bandidos em geral . O que fazer ? Esperar passivamente que chegue a nossa vez ? Existe um ditado romano que diz : "uma espada ajuda a manter a outra na bainha". Pense nisto
Nada como ouvir os dois lados da questão. Por causa do meu trabalho, tenho acesso a muitos programas regionais, do tipo policilescos e o que os âncoras fazem é assustador. Ja vi casos de incitarem a população p que espancasse até a morte menores infratores pois o que eles mereciam era virar 'sabão' - ou seja, distorção de valores e abuso de poder enquanto formadores de opinão. Violência que gera violência e gente que estimula violência não merece meu respeito. Devemos cobrar atitudes, ir pras ruas, nos importar mais e cobrar pela segurança que nós pagamos. Mas não com violência. Assim é jogar baixo, é cuspir na razão, é pedir pra sair...
Ale
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