Não estou aqui para defender ou não prisão após julgamento em 2º grau. Estudo Direito há mais de quinze anos e ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Respeito as duas posições, e só espero que cada Ministro ontem tenha votado seguindo suas convicções. E não a pressão das ruas. Me entristece ver seu post no Instagram dizendo que os Ministros devem fazer “por merecer o salário que pagamos a vocês”. Como se os Ministros, por serem funcionários públicos, fossem empregados, ou tivessem sido colocados lá para defender a posição de seu eleitorado, como um deputado deveria fazer. Eles são guardiões da Constituição. É uma função nobre e cara demais ao país, para ser reduzida a ter que “honrar o salário que pagamos a vocês”. Eles têm que honrar a escolha para ocupar uma cadeira no órgão máximo do Poder Judiciário. Mesmo porque o clamor das ruas não reflete um sufrágio popular, mas apenas o que a mídia considera clamor das ruas no momento. Também desconfio que não tenhamos muito a comemorar. O Brasil precisa de uma oportunidade para ser passado a limpo. Não aprendemos com os erros do passado. Veja só, até a ditadura, que acabou outro dia, a opinião da moda afirma não existiu. Não concordo com esse discurso de que o PT é culpado por todas as mazelas. Deveríamos fazer uma autocrítica. Não dá para voltar até a chegada dos portugueses, mas acho que deveríamos voltar pelo menos até as eleições de 2014. Uma eleição ganhada de forma desonesta, com uma propaganda que fugiu do aceitável em uma disputa eleitoral, paga com rios de dinheiro público e, na sequência, todo tipo de tapetão para justificar a sanha da classe conservadora e da política tradicional contra o “corrupto dos corruptos”, o “maior dos ladrões”, como se não tivéssemos quadrilhas assaltando o Brasil desde sempre. Seria coincidência o fato de que esse político, talvez o mais popular da história do Brasil, veio de uma classe desfavorecida, que não costuma (e não teria direito) a ter voz no brasil, e tirou milhões da pobreza? Eu não quero justificar a corrupção que todos sabemos aconteceu nos governos Lula e Dilma, e acho que já passou da hora do PT fazer uma “mea culpa”, mas isso também não justifica o comportamento do outro lado, que usa a prisão de um ex-Presidente democraticamente eleito para extravasar a barbárie e selvageria. Eu acreditei que a oportunidade de passar o Brasil a limpo pudesse ter chegado com a lava-jato e o impeachment da Dilma. Dois anos depois, após o julgamento do Renan e do Aécio pelo STF, o julgamento da chapa Dilma-Termer no TSE, e, agora, acompanhando a fúria de parte da sociedade pedindo a prisão do Lula, e vendo nas redes sociais Bolsonaro, Feliciano, Malafaia, e cia limitada, tenho certeza de que errei. Temo pelo que está por vir. Citando Celso Rocha de Barros, “a experiência brasileira é clara: a política das redes só foi eficaz quando teve um ponto de entrada na luta política tradicional”. Apesar de acreditar que a política tradicional ainda é muito forte, o outro lado que ganha força com essa recessão democrática não me parece muito bom: são as igrejas neopentecostais, que defendem a mesma pauta conservadora de grande parte classe média, e que agora parecem unir forças para eleger um político da estirpe do Bolsonaro, com sua prática racista, machista, fascista, mas que, agora, tenta dosar melhor o discurso para ir de encontro a uma maior parcela de eleitores. Temer com sua vontade de se manter no poder, ou Bolsonaro, com seu exército de “cidadãos de bem”? Eu não sei o que estão comemorando as pessoas inteligentes que se regozijam com a possibilidade de prisão do Lula. E não, nunca fui a favor da candidatura do Lula, nunca votei no PT, e não acho que ele seja solução (acho, há muito tempo, que não faria o menor sentido ele poder se candidatar). Somente a história poderá interpretar esse momento que estamos vivendo desde 2014, mas, se outros grandes não forem preses, acredito que ontem o STF pode ter transformado Lula em mártir.
Estuda direito há mais de quinze anos e não conseguiu formar uma opinião pessoal sobre prisão após julgamento em segundo grau ?????????? Prefiro nem comentar.
Ter a consciência de que se é ignorante, constitui um grande passo em direção à sabedoria. Ou ainda, o primeiro sinal de ignorância é presumirmos que sabemos. Não sou juiz, não preciso definir minha opinião. Nem o STF definiu sua opinião ainda. Apesar de ter decidido, em 2009, que a execução provisória da pena ofenderia o princípio da presunção de inocência, e, como você sabe, ter mudado de ideia em 2016, as Ações Diretas de Constitucionalodade sobre o tema ainda nem foram julgadas. Mas é melhor não comentar mesmo, anônimo. Para tentar ofender o interlocutor, ao invés de argumentar...
5 comentários:
Me lembro de um , dos mtos diálogos divulgados durante a operação lava jato , em que afirmaram q 5 ministros do STF estavam no bolso do PT ...
Só deveria ter mudado a cor, rsrsrsrs. Vermelho é PT!
Não estou aqui para defender ou não prisão após julgamento em 2º grau. Estudo Direito há mais de quinze anos e ainda não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Respeito as duas posições, e só espero que cada Ministro ontem tenha votado seguindo suas convicções. E não a pressão das ruas.
Me entristece ver seu post no Instagram dizendo que os Ministros devem fazer “por merecer o salário que pagamos a vocês”. Como se os Ministros, por serem funcionários públicos, fossem empregados, ou tivessem sido colocados lá para defender a posição de seu eleitorado, como um deputado deveria fazer. Eles são guardiões da Constituição. É uma função nobre e cara demais ao país, para ser reduzida a ter que “honrar o salário que pagamos a vocês”. Eles têm que honrar a escolha para ocupar uma cadeira no órgão máximo do Poder Judiciário. Mesmo porque o clamor das ruas não reflete um sufrágio popular, mas apenas o que a mídia considera clamor das ruas no momento.
Também desconfio que não tenhamos muito a comemorar. O Brasil precisa de uma oportunidade para ser passado a limpo. Não aprendemos com os erros do passado. Veja só, até a ditadura, que acabou outro dia, a opinião da moda afirma não existiu.
Não concordo com esse discurso de que o PT é culpado por todas as mazelas. Deveríamos fazer uma autocrítica. Não dá para voltar até a chegada dos portugueses, mas acho que deveríamos voltar pelo menos até as eleições de 2014. Uma eleição ganhada de forma desonesta, com uma propaganda que fugiu do aceitável em uma disputa eleitoral, paga com rios de dinheiro público e, na sequência, todo tipo de tapetão para justificar a sanha da classe conservadora e da política tradicional contra o “corrupto dos corruptos”, o “maior dos ladrões”, como se não tivéssemos quadrilhas assaltando o Brasil desde sempre. Seria coincidência o fato de que esse político, talvez o mais popular da história do Brasil, veio de uma classe desfavorecida, que não costuma (e não teria direito) a ter voz no brasil, e tirou milhões da pobreza? Eu não quero justificar a corrupção que todos sabemos aconteceu nos governos Lula e Dilma, e acho que já passou da hora do PT fazer uma “mea culpa”, mas isso também não justifica o comportamento do outro lado, que usa a prisão de um ex-Presidente democraticamente eleito para extravasar a barbárie e selvageria.
Eu acreditei que a oportunidade de passar o Brasil a limpo pudesse ter chegado com a lava-jato e o impeachment da Dilma. Dois anos depois, após o julgamento do Renan e do Aécio pelo STF, o julgamento da chapa Dilma-Termer no TSE, e, agora, acompanhando a fúria de parte da sociedade pedindo a prisão do Lula, e vendo nas redes sociais Bolsonaro, Feliciano, Malafaia, e cia limitada, tenho certeza de que errei.
Temo pelo que está por vir. Citando Celso Rocha de Barros, “a experiência brasileira é clara: a política das redes só foi eficaz quando teve um ponto de entrada na luta política tradicional”. Apesar de acreditar que a política tradicional ainda é muito forte, o outro lado que ganha força com essa recessão democrática não me parece muito bom: são as igrejas neopentecostais, que defendem a mesma pauta conservadora de grande parte classe média, e que agora parecem unir forças para eleger um político da estirpe do Bolsonaro, com sua prática racista, machista, fascista, mas que, agora, tenta dosar melhor o discurso para ir de encontro a uma maior parcela de eleitores.
Temer com sua vontade de se manter no poder, ou Bolsonaro, com seu exército de “cidadãos de bem”? Eu não sei o que estão comemorando as pessoas inteligentes que se regozijam com a possibilidade de prisão do Lula. E não, nunca fui a favor da candidatura do Lula, nunca votei no PT, e não acho que ele seja solução (acho, há muito tempo, que não faria o menor sentido ele poder se candidatar).
Somente a história poderá interpretar esse momento que estamos vivendo desde 2014, mas, se outros grandes não forem preses, acredito que ontem o STF pode ter transformado Lula em mártir.
Estuda direito há mais de quinze anos e não conseguiu formar uma opinião pessoal sobre prisão após julgamento em segundo grau ?????????? Prefiro nem comentar.
Ter a consciência de que se é ignorante, constitui um grande passo em direção à sabedoria. Ou ainda, o primeiro sinal de ignorância é presumirmos que sabemos.
Não sou juiz, não preciso definir minha opinião. Nem o STF definiu sua opinião ainda. Apesar de ter decidido, em 2009, que a execução provisória da pena ofenderia o princípio da presunção de inocência, e, como você sabe, ter mudado de ideia em 2016, as Ações Diretas de Constitucionalodade sobre o tema ainda nem foram julgadas.
Mas é melhor não comentar mesmo, anônimo. Para tentar ofender o interlocutor, ao invés de argumentar...
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