No documento, os pais alegam que as“referidas matérias não devem ser expostas a nossos filhos, salvo pela própria família” e continuam criticando os professores, que, segundo eles, são despreparados para abordar temas de sexualidade e não autorizam que esses conteúdos sejam apresentados em sala, seja “através de vídeo, slides, dever de casa, exposição verbal, música, livros de literatura ou material didático”.
Em resposta, o Santo Agostinho divulgou uma nota onde se justifica dizendo que:
´´O Colégio Santo Agostinho é responsável pela educação de cerca de 8 mil alunos de diferentes realidades e crenças. Nosso projeto pedagógico, fundamentado nos princípios cristãos, católicos e agostinianos, contempla a sociedade pluralista em que vivemos, abordando, de forma dialogal e respeitosa, os desafios do mundo contemporâneo. Primamos pelo respeito à liberdade e apreço à tolerância, orientações fundamentais estabelecidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (artigo 3º da Lei 9.394).
A escola é um espaço coletivo construído pela relação entre as pessoas, no qual todos os indivíduos devem ser respeitados em sua singularidade. Essa pluralidade pode e deve coexistir em harmonia.Com uma trajetória de 83 anos em Minas Gerais, amparado pela tradição de sete séculos da Ordem de Santo Agostinho, o Colégio ressalta sua sintonia com o magistério do Papa Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho e as orientações pastorais da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Sendo assim, continuaremos seguros em nossa missão de criar condições para que os alunos possam protagonizar sua própria formação integral (integrada, crítica e criativa), com autonomia e responsabilidade. Para tal, contamos com uma equipe de professores altamente qualificados.
Repudiamos o uso de interpretações equivocadas por aqueles que têm como objetivo distorcer nosso projeto pedagógico.
Reafirmamos o nosso compromisso educacional pautado nos valores agostinianos: solidariedade, fraternidade, amizade, subsidiariedade e justiça.
Agradecemos aos 11 mil pais e responsáveis que dividem a formação de seus filhos conosco.´´
O assunto é mais do que polêmico e está dando o que falar nas redes sociais e grupos de WhatsApp.
Com boa voz discordante, tenho que dizer que ... concordo com o colégio.
Antes que comecem a me atirar pedras, vamos por partes! Não estou discutindo aqui se menino pode se vestir de menina, se menina pode beijar menino, se não existe mais homem e mulher. Isso é um problema de cada família e vou me abster de dar a minha opinião. A forma e os valores morais e éticos que cada família deve passar para seus filhos é particular, privada e não pode ter a menor interferência. Se um pai quer ensinar para seu filho a ter ódio de gay, problema deste pai! Se uma família quer educar seu filho sem diferença de sexo, também é problema da família! Se uma mãe quer pintar a unha do filho de esmalte, ok, problema da mãe! E se outra família acha que falar de sexo é só em casa, também está ok!
Isso se chama liberdade civil e é um direito de qualquer cidadão viver com os valores que bem entende. Isso é indiscutível e tem que ser respeitado. Isso é assunto particular.
Outra coisa é a escola como um espaço coletivo. Uma escola não tem que atender a um grupo de pais descontentes. Uma escola tem que atender a ampla maioria de seus alunos e estar sempre conectada com as mudanças do mundo. E no mundo de hoje, a educação pede este tipo de abordagem. A escola tem que ensinar que embora papai e mamãe ensinem para aquele aluno que ser gay ´´ é feio´´ ou que ´´menino é menino e menina é menina´´, dentro da escola - e no mundo lá fora - este mesmo aluno tem que respeitar seus coleguinhas, suas diferenças e suas escolhas. E papai e mamãe, embora pensem diferente (e tenham todo esse direito), tem que aprender que dentro da escola - e no mundo lá fora - as famílias mudaram, as pessoas mudaram, o planeta mudou, e há que se respeitar essas grandes diferenças.
Independentemente dos valores pessoais e familiares de cada um, sobrepõe-se os valores do coletivo, onde a tolerância, o respeito e a compaixão tem que estar em primeiro lugar. Só com a consciência de que os nossos valores são nossos e não tem que necessariamente ser o do outro, viveremos numa sociedade mais justa e inclusiva. Onde o direito de um vai até onde começa o do outro. Onde as escolhas pessoais são individuais e não devem ser impostas ao outro.
Como amante da democracia e da liberdade, prezo sobremaneira o respeito e a tolerância, embora meus valores pessoais muitas vezes tenham ido de encontro à rapidez com que o mundo tem mudado. Pessoalmente ainda estou me acostumando e tentando me adaptar aos novos tempos e digo de coração, não tem sido fácil, afinal tenho 50 anos.
Mas porque defendo com toda a força esta liberdade é que irei sempre estar ao lado dos que optam pela inclusão, pelo respeito, pela tolerância e pelo amor ao próximo.
Pronto, falei! Está aberta a temporada de críticas à Kika!
11 comentários:
concordo com vc Kika!
Se é direito dos pais passar seus valores para os filhos - e isso está na Constituição - então esse direito não pode ser de ninguém mais. Imagine você ser proprietária de um apartamento, do qual eu tb sou proprietária, com os mesmos direitos que você (não estou falando de condomínio, claro). É evidente que nesse caso o meu direito anula o seu, e vice-versa. Se o pai tem o direito de passar seus valores aos filhos, esse direito tem que valer não só da porta para dentro da sua casa, pq senão não vale nada. Ele ensina aqui e a escola desfaz o ensinamento ali. Resumindo: se o direito é dos pais, não pode ser de mais ninguém. Evidentemente que ninguém pode se comportar em espaço público de forma indecorosa, agredindo gays, negros, etc. A escola só pode exigir uma conduta socialmente aceitável, mas não pode impor valores para as crianças, isso cabe à família.
Kika,
há algumas vertentes. Ok a escola ensinar o respeito ao próximo, ok a escola ensinar que as pessoas são diferentes, seja por ser negro, amarelo, gay ou lésbica.
O que não pode é questionar o aluno se ele está feliz em ser menino ou menina. A mãe de um aluno me contou que o filho ouviu esse questionamento de um professor na escola a um colega.
O que não pode é a escola fazer alunos de 12 anos ler sobre cenas de sexo fortes (se quiser te mando a folha do livro que recebi de uma mãe. Vc vai horrorizar.) Aí a coisa pega forte e não existe quem não questione.
O ensino tradicional brasileiro é retrógrado, ultrapassado, basta dizer que há mais de 100 que não mudou praticamente nada. É um absurdo essa ingerência desnecessária das escolas na questão sexual, isso é uma missão dos pais. Se tivesse um filho nessa escola tiraria na hora. Aliás os meus estudam na escola canadense que se preocupa em criar cidadãos, com iniciativa, cultura e não meros robozinhos despreparados para a vida.Que antipatia desse país que dá importância ao desnecessário.
O colégio tem razão
Nossos filhos vivem uma realidade bem diferente da que vivemos. Nossos problemas eram outros. Se discordam do Colégio, conversem com seus filhos, não adianta impormos nossas ideias, acho que discordando dessa postura do colégio, da vida de hj, podemos criar um abismo entre nossos filhos e nós os pais!! Concordo com vc, KiKa, não é simples e nem fácil para nós que já passamos dos "enta", temos que estar atualizados e preparados para as mudanças. Sem exageros, com educação e compreensão sem imposição.
Bjs
Essa postura dos pais de exigir neutralidade sexual da escola, de neutra não tem nada. Reflete as convicções de um grupo conservador na sociedade. Isso é ingerência na vida escolar. Espero que essa onda conservadora não nos leve longe demais. A resposta dos alunos serve de alento!
O mundo mudou, e essa escola justamente não quer reproduzir a escola de 100 anos atras. Retrógrado seria se omitir sobre questões de gênero, orientação sexual, etc.
Há pouco tempo houve uma polêmica sobre um livro de ciências que traz a imagem de um penis ereto e a autora respondeu que: "pais parecem querer ter controle total sobre os filhos (incluindo seus corpos, sexualidade, formas de pensar e ver o mundo). E sei que este desejo não é mal intencionado. Então o racista não quer ver o racismo discutido, o homofóbico não quer que se aborde gênero e preconceito, o misógino acha desnecessário falar sobre feminismo e por aí vai. Paradoxalmente, constato que enquanto em várias escolas e livros de Ciências a questão da sexualidade é ignorada ou abordada superficialmente, no dia-a-dia é crescente a erotização da infância e da adolescência. A realidade é bem diferente do que muitos pais querem admitir. Adolescentes procuram informações onde podem. E a escola pode trazer esta informação de modo adequado. Sabemos que não basta informar, é preciso debater, problematizar, levá-los a refletir, a construir projetos de vida. Enquanto os pais acham que seus filhos com 13-15 anos ainda não devem discutir sexualidade e ver imagens de pênis, o Ministério da Saúde reduziu a idade mínima para a vacinação contra HPV para 9 anos para garantir imunização antes do início da vida sexual. Soma-se a isso o alarmante número de grávidas adolescentes, o crescimento do HIV entre jovens, o suicídio e homicídio de jovens homossexuais..."
Sou professora universitária e tenho uma filha em um colégio da mesma linha confessional do Sto Agostinho.Entendo que a escola tenha que obrigatoriamente praticar e ensinar respeito, tolerância ,valores de igualdade e outros tantos mais.Porém esta apologia da Globo e outras instituições de fazer o adolescente sentir se inadequado porque é heterossexual é simplesmente inaceitável. Quero ver se todos os pais decidir tirar os filhos deste colégio se eles vão continuar nesta linha bastante agressiva quanto ao convencimento de que meninos e meninas devem questionar sua sexualidade na escola.Não deveriam apenas aprender sobre?
Ter seu filho ridicularizado porque não gosta do mesmo sexo faz sentido para a aprendizagem???
Sou professora universitária e tenho um adolescente em colégio desta linha confessional,como o Sto Agostinho. É dever da escola ensinar e praticar respeito,tolerância, compaixão e tantos outros valores que fazem a vida ser mais coletiva e compartilhada .Mas compartilhar com a Rede Globo e outra instituições nesta apologia para que todos tenham escolhas diferentes da heterossexualidade...aí tem algo errado.Constranger adolescentes pq não beijam na boca do mesmo sexô e tenham que achar que sô há caminhos como este....não acho que seja papel da aprendizagem questionar a sexualidade e sim ensinar sobre as possibilidades.Quero ver se os pais decidir tirar os filhos do colégio e não pagar as mensalidades se eles irão continuar nesta modernidade toda....aliás pago pra ver.
Sou professora universitária e tenho uma filha em um colégio da mesma linha confessional do Sto Agostinho.Entendo que a escola tenha que obrigatoriamente praticar e ensinar respeito, tolerância ,valores de igualdade e outros tantos mais.Porém esta apologia da Globo e outras instituições de fazer o adolescente sentir se inadequado porque é heterossexual é simplesmente inaceitável. Quero ver se todos os pais decidir tirar os filhos deste colégio se eles vão continuar nesta linha bastante agressiva quanto ao convencimento de que meninos e meninas devem questionar sua sexualidade na escola.Não deveriam apenas aprender sobre?
Ter seu filho ridicularizado porque não gosta do mesmo sexo faz sentido para a aprendizagem???
Acredito Kika que nem sempre estas "mudanças do mundo" são salutares. Há muitos desvios de comportamentos e valores ditos por aceitáveis. Será?
É um equívoco a referida escola invocar o papa Francisco , a CNBB e a Arquidiocese de BH, dizendo que está em sintonia com estas instituições. A Igreja -e com toda razão - discorda totalmente da ditadura do gênero, onde não se define mais o que é o que.
Mas o fato também é que nos tempos atuais, a regra é ir contra elas, o lícito é a ilicitude. Ai de quem falar em moral e valores; será rechaçado e taxado de retrógrado etc e tal.
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