Mariana

Vamos falar sobre Mariana.
Ai, é preciso tomar folego. Hoje eu recebi um email muito carinhoso de uma leitora do Rio, compartilhando a coluna de José Eduardo Aqualusa,  que saiu no jornal O Globo.
Nela o autor disserta sobre quem são os culpados de tamanha tragédia. E termina dizendo ´´Se o nosso modo de vida leva à morte de rios, então nem é um modo de vida, é um modo de morte.´´

Pessoalmente acho que todos nós somos os culpados do que aconteceu. Somos culpados quando não economizamos água, quando construímos nossas maravilhosas casas de campo às margens de rios, quando represamos nascentes, quando usamos papel em excesso, quando achamos ótimo receber impostos de uma grande mineradora, quando não cobramos dos responsáveis que fiscalizem, quando não exigimos do Ministério Público que faça a sua parte, quando não procuramos saber, quando não nos informamos, quando achamos que ser cidadão é só não jogar papel na rua, quando não ensinamos aos nossos filhos o amor à natureza, quando damos mal exemplo, quando não valorizamos as tradições, as matas, a cultura, quando achamos que, enquanto está tudo bem para mim, o que importa os outros.
Sebastião Salgado, lúcido, atribui a tragédia ao nosso egoísta modo de vida. Concordo com ele Ipsis Litteris.
Enquanto a mineradora ruge seus fornos, mas o dinheiro entra, tá tudo bem. Enquanto o rio corre e eu uso a água, também está tudo bem. E enquanto a minha casa está de pé, está tudo bem também.
O problema é que um dia a mineradora fecha, o rio seca e a casa cai. Hoje, foi com Bento Ribeiro. Amanhã pode ser comigo. Ou com você.

P.S. Obrigada, Renata Caruso. Nada como leitores que pensam e trocam ideias. O mundo é dos inquietos.