Babe Paley

Barbara e suas irmãs, Betsey e Minnie, nasceram em breço de ouro. Seu pai Harvey Cushing, foi o precursor das neuro-cirurgias e um dos fundadores do John Hopkins Hospital. Sua mãe, uma mulher bela, culta e elegante, preparou as filhotas para fazerem ''bons'' casamentos. E conseguiu. Minnie casou-se com Vincent Astor, um herdeiro bilionário e Betsey fisgou James Roosevelt, filho do presidente Franklin Delano Roosevelt. É claro que nenhum dos casamentos durou muito, mas isso já é outra história que eu conto depois.

Barbara, Babe para os amigos, era a mais nova e mais charmosa. Desde cedo mostrou que herdara da mãe a elegância e do pai, a personalidade forte.

Não era uma beleza clássica, mas era elegantérrima, comunicativa e muito inteligente. Chamou a atenção das editoras da Vogue e em pouco tempo, já fazia parte dos colaboradores da revista. Babe já era uma itgirl, quando conheceu Stanley Mortimer, um milionário do petróleo. Milionário, porém sem berço, o rapaz não agradou a família Cushing. Dinheiro sim, mas old money, please. Babe nem ligou e casou-se com Stan com quem teve dois filhos, Amanda e Stanley Jr.

Casada e milionária, Babe se destacava pela elegância e pela capacidade de gastar sem medo. Suas aparições eram sempre as mais aguardadas das festas. Os cabelos eram negros como carvão, numa época que as loiras eram hype. E ela não usava nada que estivesse na moda. Tudo era exclusivo, diferente e caro, muito caro. 

E tome festas, champagne, eventos.

 Com tantas demandas sociais, o casamento durou pouco. O casal se separou em 1946.

Mas logo Babe já engatava outro romance, desta vez com um par perfeito. Bill Paley era rico, muito rico e gostava de gastar. Bon vivant e charmoso, o novo casal  estava em todas as colunas sociais, jornais e revistas (ah, sim, naquela época não existiam os blogs, senão eles estariam aqui!). Não havia festa sem o casal Paley. Não haviam coqueteis, nem lançamentos, nem qualquer evento sem que os Paleys estivessem em cena. Casa aparição de Babe, era um flash!

E Babe sempre na lista das dez mais bem vestida do ano. Foram dez anos. Consecutivos. O estilo Babe era incopiável (não sei se existe essa palavra, mas espero que vocês me entendam): Se a moda era sapatos baixos, Babe aparecia de stilletos. Se as sombracelhas eram finas, as dela eram grossas. Se as mulheres adoravam falar ao telefone, ela se gabava de jamais gastar mais de 2 minutos numa ligação. Se as mulheres queriam ser donas de casa, Babe trabalhava na Vogue!

Babe era o máximo!

Eram os anos dourados e as festas rolavam nos quatro cantos do mundo. Embora alegre, Babe era seletiva. Seu grupinho de amigos era fechado e exclusivo. Dele faziam parte Glória Guiness (mãe de Agnes Guiness), Wallis Simpson, a duquesa de Windsor,  a socialite brasileira Aimée Sotomayor e o jovem, talentoso e controverso Truman Capote (autor de Bonequeinha de Luxo). Babe achava que misturar o intelectual com o dinheiro era a receita do sucesso.

Todos os costureiros queriam vestir Babe.  Uma vez, uma foto sua com um lenço amarrado na alça de uma bolsa saiu na Vogue. Em dois dias, todas as mulheres da América penduraram um lencinho nas suas. Seus braceletes de Verdura foram copiados a exaustão e não havia uma mulher que não sabia o tom da tintura dos cabelos de Babe. 

A decoração era outra paixão de Mrs Paley, que passava meses encomendando tecidos, sofás e cortinas e outros tantos viajando ao redor do mundo a procura de um tapete para suas casas de NY, Paris, Jamaica e a magnífica propriedade Kiluna Farm em Long Island.  

Com uma vida  de glamour cheia de compromissos, Babe foi uma mãe ausente, uma filha relapsa e uma irmã  fria e distante. A moda, as festas, as viagens, as jóias e a total atenção do marido eram só o que importavam. 

Fumante desde sempre, Babe foi diagnosticada com câncer no pulmão.

O tratamento seria penoso e dolorido. E Babe estava só. ''Aqueles que procuram os elogios efêmeros, jamais terão o amor verdadeiro'', já dizia Platão. Pena que Babe não o tenha lido.

Metódica, organizou seu próprio funeral, escolheu as músicas que deveriam ser tocadas e o menu que seria servido.

Babe Mortimer Paley morreu aos 63 anos, sozinha em seu apartamento em NY.

 Babe representou uma geração glamourosa, rica e esnobe que sucumbiu aos anos de crise. Mas seu legado para a moda é inegável e até hoje grandes decoradores batizam estampas e móveis com seu nome.

Seu estilo era único. Luxuoso, elegante, exclusivo, racé. Babe passava longe do que fosse comum ou popular. 

O casal Paley e sua vida de sonhos, foi retratado no filme Infamous, onde Sigourney Weaver faz o papel de Babe, que aliás, dos sete palmos abaixo da terra,  não deve ter gostado nadinha da escolha, já que Sigourney é ótima atriz, mas tem zero de elegância.  Outras sérias de TV e livros, também são claramente baseados na vida da dupla. Dizem que até Holly Golightly, a Bonequinha de Luxo vivida por Audrey Hepburn,  era inspirado em Babe. Aí sim, Babe deve ter ficado felicíssima com a escolha!

O genial Truman Capote, que era louco por ela, disse que Babe só tinha um defeito: ''era perfeita. Se não fosse, ela seria perfeita.''