Já vai tarde

Não sou uma pessoa fria, muito antes pelo contrário.

Mas devo confessar que diante das lágrimas de Eduardo Cunha, nenhum músculo do meu coração se mexeu.

Eduardo Cunha não chorou porque se sentia realmente perseguido ou porque achava que era uma injustiça a sua saída da presidência. Chorou de desespero, porque sabe que seus dias de liberdade, se Deus quiser, estão contados. Chorou porque sabe que sua mulher e sua filha não foram perseguidas, elas são acusadas de crimes que sabiam muito bem que estavam cometendo e, se Deus quiser de novo, vão pagar por eles. Chorou porque sabe, que seu poder político está acabado. Chorou porque sabe que errou.

E me espanta aqueles que creditam à ele a saída de Dilma. Dar a Cunha o crédito pelo impeachment é creditar em sua conta na Suiça mais dólares roubados.

Sim, porque a saída de Dilma se deu graças aos milhões de brasileiros, que, indignados, foram para as ruas. À brasileiros que incansavelmente batiam panelas e buzinavam. Aos brasileiros que lotaram as redes sociais com raiva e revolta. Aos brasileiros participativos que cobraram de seus eleitos uma postura digna da posição que ocupam. 

Cunha já vai tarde. Sua presença nos corredores da Casa era um acinte ao povo brasileiro que luta para manter uma vida digna. Em sua coluna de hoje Reinaldo Azevedo acerta ao afirmar que Cunha embora seja inteligente, não conseguiu unir a competência com o caráter.