Entre a Abelha e o Islã

A palavra Submissão é uma tradução literal de ´´Islã´´. Daí a razão de Michal Holleubecq ter escolhido Submissão para o título de seu livro, que lemos no Clube do Livro de ontem.

A palavra submissão é forte. Nos remete à controle, fraqueza, força física, dor, rendição.

Como bem disse Rachel, ´´a submissão pessoal é uma escolha; a submissão coletiva é uma imposição, sempre acompanhada de violência´´.

Submissão, o livro de Houllebecq é um dos mais polêmicos em décadas e abalou a Europa como um todo, e a França em particular. Vendeu milhares de exemplares e foi traduzido para todos os países ocidentais. O Islã tem horror a Houllebecq!

Em Submissão, o autor, jornalista e intelectual respeitadíssimo, mas envolto sempre em questões controversas, descreve a ascensão dos muçulmanos na esfera política e social da França, quando o partido deles, a Fraternidade Muçulmana, ganha as eleições presidências de forma limpa e sem violência. Ou seja, o Islã deixa o ocidente submisso, sem usar a força, nem armas, nem guerra. Usando tudo o que o mundo ocidental mais preza: a inteligência, a negociação e a democracia.

´´Quando você é a parte mais fraca, não bate de frente. Você desvia´´.

Submissão não é um livro fácil, nisso todas nós do Clube concordamos, mas é um livro absolutamente necessário nos novos tempos. O livro causa um desconforto enorme quando crítica através de seu personagem quase asqueroso e solitário, a forma individualista, fútil e egoísta com que nós, ocidentais vivemos e até onde este estilo de vida, e de pensamento,  nos levará. Dá um certo medo.

E como somos viciadas em livros, desta vez foram 2! Além de Submissão, lemos Pequena Abelha. Este sim, dividiu opiniões. Algumas amaram, outras não. Eu, Thais e Clíssia, achamos o livro morno, mal escrito. O autor tinha uma brilhante história nas mãos e se perdeu em meio a personagens fracos, quase caricatos, sem personalidade e sem firmeza. Uma pena. 

Pequena Abelha conta o drama vivido por dois jornalistas ingleses que resolvem passar férias na Nigéria (isso é lugar de passar férias???). Lá, ao lado do filho que só anda com uma fantasia do Batman (???), os dois tem um encontro dramático com uma menina nigeriana, que está fugindo da perseguição de seus algozes. 

O pano de fundo é atual e poderia render um livro excelente! A guerra civil cruel e sangrenta que mata milhares nos países africanos, a completa exclusão com que são tratados os refugiados ao redor do mundo, a conturbada vida em família, traição conjugal, culpa e redenção. Dizem que o livro em breve se transformará em filme. Tomara que o filme faça jus ao tema e seja melhor do que o livro.

O próximo livro que vamos ler será um homenagem à grande escritora Lygia Fagundes Telles, que este ano concorre ao Prêmio Nobel de Literatura! Vamos ler o belo Ciranda de Pedra.

E não é só de livro que vive nosso Clube! O jantar é divino, o vinho é delicioso e o papo é impagável! Temos uma marquesa que declama poesias, temos Maria Eugênia com seus textos educativos, temos Queen Cida! E depois que discutimos os livros, falamos da vida e da alma. Falamos do nosso país, de amor, de casamento, de filhos. Nosso Clube é uma espécie de oásis, onde bebemos nas águas da cultura, da sabedoria e do conhecimento. E onde podemos trocar ideias com pessoas diferentes e especiais. 

Tem na vida, coisa melhor? Se tem, não conheço!

Ah, e para completar o mês, semana que vem tem Clube do Filme!!!!!! Ai, ai! Que felicidade!