Olga

Minha querida avó Olga, descansou nesta última sexta-feira, aos 97 anos. Vovó foi em paz, linda, fofa, em casa, cercada pelos seus 6 filhos, noras, genros, todos os  netos e bisnetos. Somos uma família grande e longeva, graças a Deus.

Minha avô dedicou a vida à família. Cuidou com carinho de seus irmãos, quando sua mãe morreu. Cuidou do seu marido, de seus filhos, de seus netos e bisnetos. Cuidou da sua casa, de seus funcionários, da sua fazenda.  Olguinha era brava, firme, divertida, amorosa. Manteve a família unida com pulso firme, mesa farta e muita alegria. Nunca vi minha avó sem batom, sem as unhas feitas, sem o cabelo impecável, sem seus chemisies estampados. Nunca vi sua mesa sem as tolhas lindas, bolo feito em casa, empadinhas, bifes acebolados, guaraná gelado. Nunca vi sua mesa sem suas compoteiras cheias, seus paninhos de croché, seus retratos. Nunca cheguei na fazenda que não tivesse doce-de-leite no tacho.  Nós, netos, erámos loucos por ela! 

Quando fiquei noiva, ela me deu um máquina de costura. ´´Para você fazer suas coisinhas´´. Ela se fantasiava de Papai Noel no natal dos empregados da fazenda e se divertia à valer. Tinha uma frasqueira recheada de frescuras. Usou sua aliança de casada até o último dia.  Sempre tinha um agrado, um beijo. Era cheirosa, linda, e muito, muito brava! Se ela assobiasse ... ai de nós! Mas aí vinha um docinho de leite, uma farofinha de ovo, um bombom Sonho de Valsa, um riso, um abraço. Adorava novela (quem vocês acham que eu puxei?) e sempre assistia na sua poltroninha de couro, fazendo um biquinho de croché.

Olga colheu o que passou a vida semeando: vovó foi muito bem cuidada, amada, querida. Minha tia Regina cuidou dela com uma dedicação emocionante. Deixou uma família forte, corajosa, unida. 

 Vovó ensinou-me que podemos ser bravas, porém alegres. Firmes, porém amorosas. Podemos brigar, mas precisamos sempre fazer às pazes. Que dedicação ao outro vale à pena. Que estar bonita é um carinho com o próximo. Que não existe no mundo, laço mais firme e forte do que a família. 

Enquanto escrevo isso, Olguinha já deve estar lá no céu, ensinando Nossa Senhora a fazer um bom doce de leite e um ´´biquinho´´ de croché.  E dando um pito nela porque está sem batom!!

Obrigada,  Flavoca, Mari, Clô, Vi, Vivian, Dani, Mônica, Cli, Eli, Flavia K, Bi, Isa, Helô, e primas Barbosas, que na alegria e na tristeza estão sempre ao meu lado.