O limite

As vaias e os xingamentos dirigidos à presidente dividiram opiniões. Pessoalmente prefiro sempre a paz à guerra. Prefiro protestar e me indignar e dizer um sonoro ´´Não´´ que faça efeito, do que sair quebrando tudo a esmo, xingando todo mundo. Prefiro a civilidade à falta de educação. E aprendi que só porque o outro está errado não quer dizer que temos que nos baixar ao mesmo nível dele.
A grande maioria dos jornalistas lúcidos criticou veementemente os xingamentos. Penso como eles. Por mais que eu me revolte com o descaso e os desmandos do governo, e eu me revolto, me lembro sempre que vivemos numa democracia. A presidente que estava lá sentada foi eleita pelo voto popular, não me foi imposta pela garganta. Talvez eu a vaiasse, mas jamais a xingaria com nomes grosseiros.

Eliane Trindade, brilhante jornalista e comentarista política e social da Folha de São Paulo, escreveu um belo editorial hoje. Eliane bate de frente com o governo petista faz tempo e não poupa Dilma nem um único dia. Hoje, ela exercitou sua cidadania e liberdade e disse em alto e bom som: ´´Dilma ganhou o meu voto. De solidariedade.´´  Segundo ela, que estava no estádio, foi de ´´envergonhar ouvir os xingamentos chulos destinados à presidente, á mulher, mãe e avó.´´  ´´Em plena democracia, Dilma foi colocada no pau -de -arara moral por pessoas que, hipocritamente, criticam misturar política e esporte´´. Ora, se estão tão revoltados com a Fifa, tão fazendo o que no jogo, cara-pálida?  Dilma, nem ninguém, deveriam se curvar à truculência de ´´yellow blocks´´ que vestidos com as cores do Brasil, deram uma lição de incivilidade e falta de respeito.
E para terminar, um belo puxão de orelha em quem vaia e xinga confortavelmente sentado num estádio onde os ingressos custam R$ 1.000,00:
´´ Brasileiros que estudaram em escolas padrão Fifa, mas que não aprenderam lá nem em casa, que não se deve mandar uma senhora com idade para ser sua mãe e avó para aquele lugar.´´
No frigir dos ovos, os contra-xingamentos ganharam de lavada. Os xingadores foram criticados e vaiados nos jornais, blogs sérios e editoriais.
 Ninguém precisava aplaudi-la e a vaia seria uma boa forma de protestar, mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita.