Perder



No filme Para Sempre Alice, a personagem de Julianne Moore, Alice Howland, que tem Alzheimer, cita, numa parte do filme,  um dos mais belos poemas de Elizabeth Bishop, sobre as perdas ao longo da vida:


A arte da perda é fácil ter;
por tanta coisa cheia de intenção
de ser perdida não dá pra sofrer.

Treine perder muito sem se deter:
lugares e nomes, a comichão
de viajar. Nada fará sofrer.

Perdi jóias da mamãe. E dizer
que perdi casas que amei de paixão!
A arte da perda é fácil ter.

Perdi duas cidades. E o prazer
de um continente na palma da mão.
Sinto falta mas não dá pra sofrer.

 Até perder você (a voz, o ser
que eu amo). Não devia mentir. Não,
a arte da perda se pode ter
embora pareça (diga!) sofrer.


Uma Arte de Elizabeth Bishop









Um comentário:

Anônimo disse...

linda poesia, amei. Obrigada por compartilhar conosco.