Mea culpa

Ontem eu ouvi uma cena que só tinha visto em novela, filmes e jornais.
Uma briga de vizinho. Mas não foi briguinha, não. Foi brigona! Um coisa horrorosa.

Tenho pavor de violência, seja física ou verbal. Só de ver uma pessoa falando mais alto com outra, minha boca fica seca e meu coração dispara.

Pois ontem, no prédio ao lado do meu (ou no outro, não tenho certeza absoluta), no meio da madrugada, eu ouvia berros, discussões, xingamentos.

Lá pelas tantas, o negócio esquentou e alguém partiu para violência. Coisas quebrando com estrondo, e a mulher berrava e gritava por socorro.

Não tive dúvidas, peguei o telefone para chamar a polícia. Aí pensei ´´meu telefone vai ficar gravado... eu não sei exatamente qual é o apartamento... algum outro vizinho já deve ter chamado...´´

E o que eu fiz? Não chamei.

E passei a noite em claro. Rezei como uma condenada, pelos vizinhos ensandecidos e por mim mesma, para que Deus perdoasse a minha omissão e covardia.
Preferi o conforto do meu lar e manter a minha privacidade do que fazer alguma coisa. Feio, Kika, muito feio.

Me lembrei de uma frase de Albert Einstein que sempre gostei muito, mas nunca achei que serviria para mim:

´´ O mundo é um lugar perigoso. Não por causa das pessoas más. Mas por causa das outras, que vêem a maldade e não fazem nada.´´

Ontem, eu deixei o mundo pior.