O Estilo dos Jovens / Fernandinha Queiroz








´´Atrás de um macacão que vi a personagem Mickey, da série “Love” do Netflix, usando, entrei em uma loja da marca Vintage Twin, na Broadway, acompanhada de minha mãe e minha avó. Enquanto eu percorria as araras, as ouvi exclamar:
“A vovó tinha um igualzinho!”
“Seu pai adorava essa jaqueta!”
Sorri e - depois de pedir para que minha avó tentasse encontrar a tal jaqueta - me lembrei de uma entrevista com a atriz e artista Jemima Kirke. Ela fala sobre peças de roupas que são feitas para parecer velhas ou usadas: a falta autenticidade a incomoda. Por que não comprar peças que foram realmente usadas?
Pessoalmente, tinha receio de comprar em brechós. Achava as lojas e roupas sujas, não entendia como usar aquelas jaquetas grandes que pertenciam a homens nos anos 80, ou como os Levi’s 501 de outra pessoa me serviriam. Mas as ruas de NY estão cheias de jovens usando jaquetas de nylon coloridas, jeans com caimentos duvidosos, e, principalmente, de lojas “vintage” (no meu quarteirão, são três). Me convenci. Confesso que na maioria das vezes saio das lojas de mãos vazias — encontrar a peça certa exige esforço e paciência — mas a caçada é divertida. Mais do que isso, acho que ha um certo encanto nessas roupas que foram amadas e usadas por outros, como disse Jemima.
O interesse por vintage está tão em alta que marcas estão investindo em renovar peças antigas. Os “reworked jeans” da Vetements, uma coletiva de jovens designers comandada pelo diretor criativo da Balenciada, Demna Gvasalia, custam em torno de 1,400 dólares. São apenas dois pares de jeans vintage, cortados, remodelados, e costurados como um só. A Urban Outfitters também lançou a “Urban Renewal”, parte da loja que vende roupas usadas e jeans “re-iventados” (onde encontrei meu par de jeans preferido!), e a Vintage Twin tem um “Jeanious Lab”, onde seus jeans são personalizados na hora, com cortes e bordados.
O interesse pelo passado não está só na moda. Os jovens de camisas de turnê antigas e macacões manchados de tinta, estão registrando tudo em cameras analógicas. A empolgação de minhas amigas é em não saber como as fotos vão sair até que o filme é revelado. Temos o costume de levar câmeras descartáveis em festas e viagens. Será que há um motivo maior para essa parte da geração digital estar se afastando do novo e do moderno?´´











Nossa colunista Fernanda Queiroz, tem 19 anos, é mineira de Belo Horizonte, mora e estuda em NY e é simplesmente descoladíssima!

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