Mira Schendel nasceu na Suiça em 1917. Mas nada na sua vida funcionava como um relógio. Pelo contrário. Filha de mãe convertida ao catolicismo, mas nascida judia, e de pai judeu, ela viveu a conturbada separação dos dois quando tinha 2 anos. E a pequena Mira, que não sabia se era católica ou judia, muda-se para Milão e vai viver com a mãe e seu segundo marido.
Lá, ela estuda filosofia e arte. A vida tinha se estabilizado, mas a cabeça e a alma de Mira continuava em ebulição. Como era filha de mãe judia, ela era considerada judia, mesmo a mãe tendo se convertido. Estoura a Segunda Guerra e ela então foge para a Bulgária e Iuguslávia, onde se casa para conseguir um jeito de fugir da perseguição nazista.
Em 1949 ela desembarca no Brasil atordoada com a Guerra e com seus conflitos religiosos e pessoais. Mira começa a pintar e se corresponde com os maiores pensadores da época, como Umberto Eco, Haroldo Campos, Guy Brett e Mário Schemberg.
Seu trabalho impressiona e ela se torna uma artista conceituada, porém restrita ao mundo dos que entendiam de arte.
Só depois da sua morte em 1988, é que Mira foi reconhecida como grande artista. Suas obras alcançam preços extratosféricos e uma famosa exposição na badalada galeria Tate de Londres confirma Mira como um dos maiores nomes das artes plásticas de sua geração.
Mira, e seu trabalho visceral, nebuloso, intenso, misterioso e belo, podem ser apreciados na Pinacoteca do Estado de São Paulo, até o dia 19 de outubro.
Imperdível.
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