Karen Blixen nasceu na Dinamarca, em uma família muito rica. Como na Europa, riqueza anda lado a lado com a cultura, Karen foi educada em boas escolas, frequentava museus, teatros e saraus. Aos 18 anos, já escrevia alguns contos.
Seu pai tinha depressão crônica e sífilis ( que naquela época era uma doença cercada de preconceito), e suicidou-se quando ela tinha 2 anos. Sua mãe não deixou a tristeza tomar conta da casa. Lia livros, ensaiava peças teatrais, fazia grupo de leituras.
Aos 28 anos, Karen casou-se com um primo poderoso, o Barão Bror Von Dixen. Um homem rico, mas de temperamento difícil e caráter elástico. Em 1915, junto com o marido, Karen se mudou para o Quênia, então colônia britânica. O Barão investiu um bom dinheiro numa fazenda de café em Nairóbi e levou a mulher para tomar conta. Karen, para espanto da família, achou ótimo! O temperamento alegre e espirito aventureiro fez com que Karen dominasse o negócio. Comandava com mão de ferro a fazenda e os empregados.
Enquanto a fazenda ia de vento em popa, o casamento ia de mal a pior. Von Dixem, mulherengo e beberrão, sumia por tempos, mantinha vários casos na colônia e era um péssimo companheiro. Contra tudo e contra todos, Karen decidiu se separar. Em 1921, isso era o equivalente a nem sei o quê! Um horror! Ela não quis nem saber. Pôs o Barão para fora de casa e assumiu sozinha a fazenda.
Jantava no clube de Nairóbi com saias de linho bege, junto com os outros homens, para total horror da sociedade. Participava de safaris, caçava, atirava. E a noite, no sossego do silêncio africano, ela escrevia.
Depois de 4 anos, finalmente, Karen conseguiu o divórico. Foi um escândalo!
Entre a separação e o divórcio, ela conheceu o piloto inglês Denis Flinch-Hatton. Alto, louro, charmoso e rebelde, Karen se apaixonou pelo sujeito. Ainda legalmente casada, os dois foram viver juntos na fazenda. Viveram uma paixão cheia de altos e baixos, já Karen era dona de temperamento forte e Denis um homem que amava a liberdade.
Em 1931, Denis morreu num acidente de avião. Meses depois, Karen perdeu a fazenda para a grande Depressão financeira que varreu o mundo. Sem Denis e sem a fazenda, Karen voltou a viver na Dinamarca onde descobriu que também tinha sífilis. Passou os anos seguintes escrevendo ferozmente. Lançou o romance A Fazenda Africana, que foi um estrondoso sucesso e onde ela narrava sua vida na África com o amante, e que deu origem ao belo filme Out of África.
Karen morreu aos 77 anos, na casa onde nasceu, e onde hoje funciona o museu Karen Blixen.
Nos anos 20, Karen Blixen sofria com uma doença preconceituosa, teve a coragem de se separar de um marido que a traia, tocava uma fazenda no interior da África sozinha, escrevia livros, teve um amante, viveu um grande amor, perdeu a fortuna, voltou para casa.
E nunca, nunca perdeu a esperança ou o sorriso.
Karen Blixen é mais do que musa do blog!
"Todos os sofrimentos podem ser suportados se conseguirmos convertê-los numa história, ou se contarmos uma história sobre eles!!!"
Karen Blixen