Meu herói



Detesto boxe. Aliás, não gosto de nenhum tipo de luta, nem MMA, nem nada do gênero. Acho quase uma ignorância um ser humano ficar espancando outro e achar que é esporte. Enfim...

Mas mesmo detestando boxe, Mohamed Ali é um dos meus heróis.
Desde que li sua biografia, fiquei fascinada por ele. Mohamed Ali era um inquieto, um inconformado, um rebelde. Um grande homem, com uma noção impressionante de justiça. Um bravo.
Aos 12 anos, menino pobre e franzino de Louisianna, ele teve sua bicicleta, presente do seu pai, roubada. Inconformado, procurou um policial e disse que iria achar e bater no garoto que lhe levou o a bike. O policial então lhe recomendou aprender a brigar. E foi assim, que o garoto Cassius Clay entrou no mundo no boxe: inconformado com a injustiça.
Aos 18 anos ganhou sua primeira medalha de ouro nas Olimpíadas em Atenas (acho). Quando foi comemorar a vitória em um restaurante caro, o garçom lhe disse que ali  ´´não serviam negros´´. Inconformado com o preconceito, ele jogou sua medalha no rio Ohio.
Dizem que Mohamed Ali fez mais pelo fim da segregação racial do que seu amigo Martin Luther King.
Ele deu aos negros uma voz poderosa, vitoriosa, ouvida nos quatro cantos do mundo. Era impossível tapar os ouvidos quando Mohamed pegava um microfone e pedia o fim do preconceito.

Quando já era um ídolo no esporte, chamado de ´´O Maior´´, Mohamed foi  convocado para se alistar na guerra do Vietnã. Ele  disse ´não´´. ´´Não tenho nada contra esses Vietcongs. Nenhum Vietcong me chamou de negro.´´ E não foi.
O governo, chocado, lhe tomou as medalhas e o Cinturão de Campeão. Ali ficou três anos sem poder lutar. Não voltou atrás e continuou brigando pelo fim da insana guerra.
Mohamed Ali se converteu ao islamismo, não por revolta, ou para afrontar. Simplesmente porque ele precisa acreditar em um Deus que não fosse racista nem injusto com seus irmãos. E o Deus da América era racista e injusto. Ah, e como era.
Mohamed Ali fez mais pelos direitos humanos do que todos os atletas do Tio Sam juntos. Foi um guerreiro muito mais valente fora dos ringues do que dentro. Lutou com todas as suas forças pela liberdade, pela justiça e pelo fim do preconceito.
No genial filme Quando Éramos Reis, Mohamed é ´´o rei que conseguia andar com seus súditos´´.  ´´Eu precisa provar que podia existir um outro tipo de negro. Eu tinha que provar isso ao mundo´´.

Hoje, no café da manhã da minha casa, falei para os meus filhos o que é ser um herói. Não é ganhar mil medalhas, não é vencer provas, nem ser o melhor em nada. É ser o melhor para os outros. Mohamed Ali era um herói de seu povo. Ele só usou o boxe para poder falar mais alto.







Um comentário:

Unknown disse...

Além de batalhar contra o racismo também o fez contra a camisa de força que o Parkinson, sem pedir licença, faz com a pessoa seja adulto jovem (no caso dele) e no idoso. A segunda doença neurológica e degenerativa, só ficando atras do Alzheimer! Pasmem: a sua incidência tem aumentado diuturnamente no Brasil e no mundo e a sociedade e o governo insistem em fechar os olhos!!! Não há politicas públicas de saúde para essas pessoas; quem usa o SUS tem que esperar mais de 6 meses por uma consulta que na maioria das vezes é pífia, ou seja, muitos colegas não sabem atender o paciente na sua integralidade e como muitos dos pacientes são analfabetos e sem condições econômicas ficam a ver navios quanto a novas possibilidades de medicamentos e de terapêutica nao medicamentosa. A minha mãe tem Parkinson, e a minha luta não é por ela mas pelos outros. Porque ela está bem assistida. ela tem condições de pagar 1 salário minimo de consulta a cada três meses, ela tem acesso a novas terapêuticas, ela tem um personal trainner que ajuda a manter-se viva e distante das travas do PArkinson, tem uma família que cuida e que pensa em reduzir danos a todo instante. Mas o meu grande dilema, sofrimento são os outros que nada têm...sou sim uma samaritana, penso sim no outro e a medicina não é e não será usada por mim de modo vil e baixo.