Deus é generoso e sabe exatamente o que seus filhos precisam. Como no deserto, quando Ele deu ao povo o maná, agora, Ele nos envia ... Francisco.
Ainda estou emocionada com a passagem do papa pelo Brasil.
Francisco, com sua simplicidade e firmeza, veio para mudar a história da igreja, num momento em que ela precisa muito. Não mudar os dogmas, isso não. São eles os pilares da nossa fé e são esses pilares que sustentaram o catolicismo nesses 2 mil anos de história. Mas Francisco veio para mudar o rumo que a igreja irá tomar. O caminho que nós, católicos, precisamos e devemos seguir.
Jesus nasceu numa manjedoura, andava de sandálias, entrou em Jerusalém montado em um burro e não num cavalo branco. Jesus incumbiu Pedro, um pescador simples, de ser o fundador da nossa Igreja (Tú és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja'' Mt 16, 18). O filho de Deus não era um soldado ou um rei. Era filho de um marceneiro.
Francisco andou de carro popular, recebeu presentes, acolheu a todos, não quis luxo, cerimônia, nem pompa. Sorriu para o povo, abraçou as crianças, se emocionou com os mais necessitados. E onde se sentiu mais em casa foi no município pobre de Varginha, numa capelinha onde cabem no máximo 90 pessoas, onde os bancos de são de madeira e não existe microfone.
Francisco pediu um Estado laico, onde todas as religiões fossem respeitadas. Nós, católicos, não somos o centro do universo.
A simplicidade e humildade do papa me fizeram pensar:
Será que precisamos de templos luxuosos e confortáveis? Ou precisamos de acolhida?
Será que precisamos de igrejas enormes, com equipamentos de som de última geração ou precisamos de uma igreja que nos escute como Jesus fez com a Samaritana no poço?
Será que precisamos fazer propaganda da nossa fé em camisetas, adesivos em carros, TVs e rádio ou precisamos mostrar a transformação de Cristo em nós com nossas ações e gestos verdadeiramente cristãos? ( Jesus quando viu os vendedores no Templo, enxotou-os).
Será que precisamos de tanto conhecimento bíblico, seminários, cursos, palestras, onde nos sentamos confortavelmente, ou precisamos ir onde precisam de nós, como em hospitais, presídios e creches, como Jesus fez? (''Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas dos sábios e cultos e as revelastes aos simples'' Mateus, 11, 25).
Será que precisamos de tanta cerimônia nas celebrações ou precisamos de carinho, compreensão, calor humano?
Será que precisamos mesmo de poltronas confortáveis ou precisamos do abraço do nosso irmão que está sentado no banco de madeira ao nosso lado?
Será que nossos párocos, bispos e presbíteros não precisam sair dos templos e ir, com humildade até o povo simples e necessitado, com palavras de acolhida e amor?
Será que não é mais cristão ser uma igreja que inclua ao invés de ser uma igreja que seleciona?
Será que basta ir à missa para sermos servos de Cristo e seguir seus ensinamentos ou é preciso muito mais?
Será que precisamos somente orar, enviar novenas aos amigos, ou se apegar aos nossos intercessores? Ou precisamos também fazer algo real pelo outro que tanto precisa? ( ''a fé sem obra é morta'' Tiago 2, 17)?
Será que precisamos de tanta pompa e inacessibilidade de nossos líderes espirituais, ou precisamos de um sorriso, um abraço, uma palavra de compreensão, que é o que Jesus fazia?
Será que não é mais confortável ir a um templo confortável do que ir onde não existe conforto nem para os olhos, nem para o corpo, mas é lá que Jesus gostaria que seus seguidores estivessem?
Será que conseguimos entender que se intitular católico é muito mais cômodo do que ser realmente um seguidor dos ensinamentos de Cristo?
Será que Francisco e sua lição de humildade vão mesmo conseguir mudar a nossa Igreja, influenciar os féis e inspirar nossos líderes?
Será que eu não deveria ter ficado quietinha ao invés de escrever isso e ser crucificada?
Não sei, não sei... só o tempo dirá.