Você tem medo de quê?

Sou uma pessoa medrosa de um modo geral. E com algumas fobias em particular: ladrão, cachorro bravo e vaca (boi também, claro.).
Neste domingo, fui dar uma longa caminhada pela fazenda com meu Ipod no volume máximo e falando sozinha e alto (ah, sim, eu falo sozinha!!). Estava contando um caso enorme e emocionante  para mim mesma, quando a estrada acabou e eu tive que fazer meia-volta para voltar. Quando me virei, meu coração parou: um milhão de vacas estavam atrás de mim (ok, pode ser que sejam só dezenas, mas dizem que o medo aumenta tudo). Eu e elas _ as vacas _ paramos em estado de choque.  Pensei então que eu tinha três alternativas:  me jogar numa valeta, mas ponderei que eu poderia quebrar um braço ou uma perna ou ficar desacordada para sempre. Poderia também desmaiar (adoro essa alternativa e já a usei bastante), mas neste caso ninguém iria me ver, e as vaquinhas poderiam passar por cima de mim, o que seria terrível. E a terceira e pior de todas: enfrentá-las. Imaginei que se elas estavam atrás de mim a algum tempo e não me fizeram mal, eu tinha uma chance, ainda que pequena de sobreviver  (sim, eu sou dramática).
Rezei uma Ave Maria e pedi a Maria que me ajudasse. Respirei fundo, aumentei mais ainda o volume do meu Ipod e passei no meio delas, impávida, audaz, sem nem piscar, cantando alto (lembrei que ''quem canta os males espanta''!), fingindo que elas eram quase como troncos de árvores.  E não é que elas foram abrindo caminho? Não sei se tão assustadas quanto eu, ou se porque são dóceis mesmo. E quando passei pela última, quase morri de alegria.

Aos 44 anos, perdi (por enquanto) o medo de vacas! Sem terapia cinco vezes por semana,  nem tratamento de choque! Uma vitória e tanto!

Pensei então que o medo na verdade é só algo desconhecido que temos que enfrentar. E que o bicho-papão não é tão mal quanto parece.

''A única coisa que devemos temer, são os nossos próprios medos.''
Franklim Delano Roosevelt