Não. Este post não é sobre ela. É sobre tantos e tantas que não estão como ela. Minha avó tem 103 anos e, apesar de todas as limitações da idade, continua muito bem, linda, bem humorada e, graças à Deus, muito bem cuidada. Mas enquanto eu escrevo aqui, quantas e quantas pessoas não estão passando pelo drama de não poderem proporcionar aos seus familiares idosos o conforto que eles gostariam, o cuidado que eles precisam e a atençao que eles merecem?
Fiquei pensando (este é o meu problema...) este fim de semana em como a medicina evoluiu tanto no sentido de proporcionar ao homem uma vida mais longeva. São tantos recursos, remédios, tratamentos. Mas ao mesmo tempo estamos cada dia mais individualistas e solitários. As familias diminuíram e o mundo cresceu, podemos morar em BH e no mês seguinte em Miami, por exemplo. As mulheres de hoje tem outra vida, não existe mais aquela ´´tia´´ solteirona que fica em casa cuidando dos pais idosos. Não existe mais a ´´ajudante´´ que sempre morou na casa. Não existe mais nada disso. Estamos cada dia mais, sós.
Enquanto a medicina vai para um lado, o mundo vai para o outro. A medicina moderna prolongou a vida, é verdade. Mas ... fico pensando que precisamos definir ´´vida´´. Será ´´vida´´ simplesmente respirar? Será ´´vida´´ viver tanto tempo sem qualidade, sem independencia, sem cuidados e, principalmente, sem o carinho dos que amamos? Será que é vida, viver tão dependente de cuidadoras, de balão de oxigenio, de remédios? Será que é vida viver dopado? Não será a natureza muito mais sábia do que os homens, quando nos despacha desse mundo quando já não temos autonomia? Eu não sei. Não tenho a menor experiência neste assunto. Todos os meus entes amados estão firme e fortes, graças a Deus. Mas tenho amigos que vivem este drama. A angustia de querer tanto que os pais vivam e ao mesmo tempo o drama de não conseguir proporcionar a ´´vida´´ a eles.
Um dilema que mistura ética, amor, compaixão e os paradigmas da vida moderna.
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