´´Escrevo de Jerusalém, às vésperas do natal, esta que é a minha última coluna de 2017.
Acabei de chegar à cidade branca no alto da montanha e ainda processo tamanha emoção.
O wi-fi é o wi-fi da graça.
Caminhando em vias, ao mesmo tempo dolorosas e esplendorosas, posso entender com os olhos e o coração, coisas que minha cabeça nem imagina.
Foi aqui que Davi proclamou sua fé nos Salmos inspiradores, que séculos depois são lidos diariamente por mim e por milhões de pessoa em busca de luz e caminho.
Foi aqui que o rei Salomão, instado por Deus a pedir qualquer coisa, pediu sabedoria.
Foi aqui que Jesus foi empoderado, crucificado e santificado.
E foi aqui que Maomé ascendeu aos céus.
Naqueles singelos bilhetinhos que amassamos e colocamos no Muro das lamentações, meu pedido é para que 2018 seja um ano de paz, não de conflito; um ano de lovers e não de haters; um ano de sabedoria e não de fake news; um ano de solução e não de confusão.
O homem tem a Besta e o humano dentro de si. E eu, como Davi, rezo para que façamos a escolha certa.
Já disseram que a internet, a grande rede mundial, é o que chega mais perto do divino. Ela nada mais é do que a soma de todos nós, de nossa Sagrada e vilipendiosa diversidade.
Deus é como Fernando Pessoa, tem vários nomes e representações. Mas sempre O reconheço.
Aqui na Terra Santa, está em todas as partes e em todas as faces.
Na estrada de Belém à Jerusalém, do nascimento à redenção, fica mais fácil entender o que é ser humano e o que é ser divino. E como esses dois vértices se encontram.
Sem Jesus, Papai Noel seria ridículo. O Natal não nesceu na Macy´s nem foi criado algumas semanas depois da Black Friday. O Natal nasceu em Belém. E as pessoas que acreditam em Jesus e em Deus de uma forma geral pedem presentes simples, porque acreditam que a alegria do natal já é suficiente.
Eu acredito muito, por isso peço simplesmente paz. A paz como canta Gilberto Gil: ´´como se o vento de um tufão, arrancasse meus pés do chão, onde eu já não me enterro mais´´.
O natal é a deixa para deixar para trás esse ódio e essa gritaria que nos enterram e nos enganam. É o momento de abrir via diálogo construtivo o caminho para um 2018 produtivo, de retomada econômica e política.
As eleições são por definição, a forma mais democrática, e portanto mais justa, de definir caminhos. Vamos aproveitar esta oportunidade que a Constituição, a Bíblia da democracia, nos deu.
Eu rezo todos os dias. A fé nos faz humanos e nos faz entender que somos humanos e que não somos Deus.
No dia 15 de novembro, quando completei meu primeiro Triatlo, prometi a mim mesmo que escreveria um artigo de natal falando de como as pessoas podem mudar e crescer diante dos desafios da vida.
A superação é a ressurreição para nós, mortais.
Não há promessa maior que a promessa do Menino Jesus.´´
Coluna de Nizan Guanaes na Folha.
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