Mente quieta, costas eretas e coração tranquilo


Empresários, médicos, donas de casa, socialites, advogados, vendedores e artistas dobram, alongam, retorcem seus corpos.
Crianças, juízes, executivos, gestantes  e surfistas sentam-se na postura de lótus, controlam a respiração, entoam mantras.
Desde o auge da contra-cultura nos anos 60, nunca se viu tamanho interesse pela Yoga como hoje em dia.



























A Yoga também está presente em grandes empresas, clínicas, hospitais e universidades. Yoga é uma das aulas mais procuradas do Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo.
A Yoga está tão em alta que seis das maiores academias de SP já tem o curso. Mas, pessoalmente, não acho que Yoga deve ser praticada em academias de ginástica. Porque Yoga não é ginástica. Nem de longe. Yoga não é pra ficar com corpo bonito. Yoga é infinitamente mais que isso.





















Aliás, Yoga é algo bem diferente do que o modismo atual faz parecer. Yoga significa jugo, união. Seu sentido mais comum é unir, religar o seu humano à sua essência. Equanimidade na vitória e na derrota. O esforço e o descanso; habilidade e eficiência; o supremo segredo da vida; aquilo que gera indizível felicidade; a serenidade que extingue a dor; o controle absoluto sobre a mente e o corpo;
Yoga é, portanto, uma disciplina que abrange todos esses significados. ´´A Yoga é cessação dos turbilhões da mente´´.
Mas o que se ganha afinal aquietando-se a mente? Para os praticantes de Yoga o homem é um todo que se expressa junto: a consciência, o intelecto, o ego, a mente, o sistema sensorial e o corpo físico. Sendo assim, isolar o excesso de visão mental, intelectual e do ego faz com que toda a consciência do corpo seja despertada. As posições do Yoga tem este objetivo: absoluto controle corporal para se ter absoluto controle da mente. E vice - versa. A sensação de medo, por exemplo, pode se traduzir em tensão muscular. A ansiedade torna a respiração sôfrega. Sustos desestabilizam a pressão arterial. A ideia central do yoga é perceber que a recíproca é verdadeira. Ou seja: mente superficial e agitada produz respiração igualmente superficial e agitada. Aquietando e aprofundando a respiração aquieta-se e aprofunda-se a mente.



































E mais: se a mente ansiosa é capaz de tensionar um músculo, o alongamento muscular é capaz de distensionar a mente. Eis aí a tal consciência do corpo.
E a Yoga de fato, funciona. Basta perguntar para uma daquelas pessoas tranquilas e sorridentes na saída de uma aula o que o Yoga mudou em suas vidas. Você ouvira gente dizendo que dorme melhor, tem mais flexibilidade muscular, melhoras na digestão e principalmente no controle da ansiedade.
Os grandes atletas, por exemplo, praticam Yoga.
Mas a Yoga, ao contrário do que muita gente pensa, não foi desenvolvido para um público que procura apenas saúde e bem estar. A Yoga busca mais. 





















´´Yoga sem meditação não é Yoga´´ , diz Pedro Kupfer, escalador de rochas, surfista e um dos principais formadores de professores de yoga no país, a partir de sua academia, em Florianópolis. “Minhas aulas nunca têm hora para acabar, já que depois dos exercícios fazemos pelo menos 40 minutos de meditação”. Esta talvez seja a principal diferença entre a ideia que se faz de aulas de Yoga em muitas academias e a forma como ela é encarada pelos praticantes mais ligados às tradições indianas. Para estes, fieis ao Yoga Sutra de Patañjali, posturas corporais e exercícios respiratórios são apenas dois dos aspectos mais conhecidos de um sistema que possui oito etapas (ou ashtanga). Esse sistema inclui desde a disciplina moral até a absorção meditativa. À primeira vista parece ser algo muito complicado. Mas os praticantes mais experimentados tentam dar exemplos de que todos esses preceitos éticos têm aplicações muito práticas, até mesmo quando se faz os exercícios.










 Organicamente, as técnicas do Yoga têm efeito em duas situações: no alongamento e nas modificações das pressões internas. No aspecto físico, além dos ásana (posturas) e pranáiamas (controle dos ciclos respiratórios), existem bandhas (contrações e retenções) e kryas (purificações). Já os mudrás (gestos arquetípicos aos quais se atribui a realização de determinados estados de consciência) teriam efeitos mais psicológicos ou sutis. 
Toda a fisiologia humana está adaptada a um sistema que depende do corpo estar em seu estado normal, com a cabeça voltada para cima. Quando se pratica a posição ´´invertida´´ ou ´´vela´´ mesmo que por um segundo, o organismo tem de se adaptar. Isso lança desafios para o corpo. Na chamada vrschikásana, ou postura do escorpião, por exemplo, observam-se vários níveis de reação: no mais superficial, facilita o retorno venoso dos membros inferiores, com benefícios para o sistema circulatório. Em um nível mais sutil, há uma alteração na fisiologia que exige grande atenção do sistema nervoso central. Todos os receptores são estimulados ao mesmo tempo e têm de se adaptar ao fato de o corpo estar de cabeça para baixo. Essa informação acionaria vários receptores neurológicos e contribuiria para despertar uma consciência corporal que suplantaria aquela tradicional, centrada na mente.








Ainda confunde-se yoga com “fazer yoga”, como se fosse uma aula de musculação. “Tem muita gente fazendo ginástica e pensando que é yoga”, alerta Hermógenes, um dos precursores do yoga no Brasil. Na verdade, pode-se estudar yoga mais objetivamente em um determinado horário, mas a prática só faz sentido quando incorporada ao cotidiano. Isso tem muito a ver com a capacidade de transformar emoções, evitando os automatismos que tendem a fazer com que a reação à raiva seja mais raiva, que medo gere mais medo e assim por diante. Yoga verdadeiro é praticado 24 horas por dia. Deve fazer parte do trabalho, onde, diante de um problema tem-se a certeza de que será melhor resolvê-lo com a mente calma e observação serena do que espalhando ansiedade entre os colegas. Na escola, aproveitando os recursos de concentração. Nas relações pessoais, domando o próprio ego e procurando entender as razões do outro.
Yoga é perceber que a mente não precisa transformar-se naquilo que ela observa. Yoga é o controle.
Mente quieta, costas eretas e coração tranquilo. Eu amo. Não saberia viver sem o Yoga.










4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o post! Onde você pratica?

Kika Gontijo disse...

No Jai Vida, no Anchieta, em Belo Horizonte. A melhor de todas!

Anônimo disse...

Há qto tempo vc pratica yoga?

Anônimo disse...

Hmmm, bacana! Pratico no goura shala, fica na Savassi.
É realmente transformador... Boa prática! :)