Aceite isso e ponto.


Todos os dias uma nova onda polêmica invade as redes sociais. E sem nenhum critério, vamos replicando, repostando, encaminhando, curtindo, postando, comentando.
Por um lado, isso é ótimo, sinal de que estamos todos conectados e atentos. Por outro, é assustador, porque perdemos a capacidade e a curiosidade de nos informarmos de verdade, de procurar saber se o que postamos tem fundamento, se procede. Vamos na onda. Caça ás Bruxas. Lembram do horrível caso da Escola de Base de São Paulo? 
A liminar do juiz Waldemar de Carvalho que autoriza a psicóloga Rozangela Alves Justino a tratar seus pacientes e fazer pesquisas sobre Reversão Sexual,  é na prática, autorizar a chamada cura gay.

E levantou um berreiro sem fim, de todos os lados, em todas as redes sociais, por todas as pessoas. Na histeria que se seguiu à sua liminar, o juiz foi defenestrado. Com razão. Não pela sua sentença, que do ponto de vista jurídico estava corretíssima, mas porque com esta decisão, Sua Excelência abre uma brecha perigosíssima. Uma fresta pequena mas mortal, por onde uma onda de preconceito pode passar, e com toda a sua força, levar anos e anos de luta incessante pelos  direitos civis.
A lei de 1999, arduamente defendida, estabelece que :
''os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades. Art. 4° - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.''
Com isso, essa lei importante nos lembra em alto e bom som, que ser gay não é uma doença e portanto, não deve ser tratada como tal. E que nenhum psicólogo pode exercer práticas que orientem o contrário. 
Quando esta lei está em questionamento, ficamos à mercê de malucos preconceituosos que se acham com o poder de determinar que a escolha de outra pessoa é uma doença! Olha que loucura!
Claro que pessoas esclarecidas não vão se tratar e não irão procurar a ´´cura´´, mas uma lei não pode ser para pucos. Tem que ser para todos. Já imaginaram a quantidade de pais e mães desinformados, que levarão seus filhos para este ´´tratamento´´, apenas porque o pequeno não quis brincar de carrinho? Ou tem a voz fina? Já pensou o que esse tipo de ´´tratamento´´ pode fazer com a vida de quem não consegue se defender? 
A lei de 1999 é para que de uma vez por todas, toda a nossa sociedade entenda que ser gay não é doença, não precisa de cura, não é ´´errado´´. É um fato. Aceitemos, pelo amor de Deus!!!!
A psicóloga Rozangela, evangélica fervorosa, pode - e deve- ter todo direito de pensar o que quiser. Vivemos num país livre e se ela quer achar que ser gay é ´´errado´´ e precisa de ´´conserto´´, problema dela. Ela pode pensar assim. O que ela não pode, de jeito nenhum, é enquanto estiver atuando como psicóloga, regida pelas normas do Conselho Federal de Psicologia, ousar sequer pensar que ela é capaz de ´´curar´´ um gay. 
Moral da história, o juiz não é único culpado. Os culpados são essa horda de pessoas preconceituosas, atrasadas e desrespeitosas, que se dermos uma única brecha, entrarão como um furacão na nossa sociedade.  A decisão do juiz tirou uma tábua que separa a sociedade livre desses malucos. Cabe à outra parte desta mesma sociedade  correr e tampar logo esse buraco para manter os zangões do lado de fora. 





Um comentário:

Unknown disse...

A intolerância não leva à nada. A palavra de ordem é RESPEITO!
Respeito para com as pessoas que naturalmente são diferentes e com posições, entendimentos, diferentes.
Quando o respeito ao próximo prevalecer não teremos gays, heteros, homos, bissexuais ou qualquer outro gênero... seremos todos pessoas.
Andiamo...