Dizem que o caráter e o talento de um gênio está presente em todos os momentos de sua vida. E nós, simples mortais, só conseguimos enxergar o feito, nunca, jamais o caminho percorrido.
Um pouco disso é visto com clareza no filme O Sal da Terra, uma ode à vida e ao trabalho de Sebastião Salgado. Resumindo: quem é o homem por trás das impressionantes fotografias.
Seu filho e diretor do filme, Juliano Salgado, Win Wenders e o produtor David Rosier, conseguiram mostrar com sensibilidade, beleza e talento, como e porque, Sebastião foi capaz de produzir imagens tão marcantes.
E graças às ´´meninas´´ do Cineart Ponteio, nós também pudemos assistir e depois ter o privilégio de ouvir todos os passos de como foi fazer um documentário tão impressionante sobre a obra do gênio.
Obrigado Thaís e Marina por esse convite.
As imagens do que Sebastião viu com seus olhos e registrou com sua câmera, ficarão marcadas para sempre (ou pelo menos assim espero), na memória de quem assistiu ao filme.
O mais impactante foi ver com uma clareza chocante como o homem é capaz de fazer mal ao seu semelhante. Uma maldade sem sentido e cruel. Como somos capazes de maltratar, por puro ódio nossos irmãos? Como somos capazes de simplesmente continuar vivendo nossas vidas confortáveis sabendo que crianças morrem de fome, mulheres são violentadas e homens chegam ao limite de suas forças, porque outros homens os odeiam?
Fico pensando que O Sal da Terra deveria ser obrigatório em escolas, shoppings e lugares públicos, que deveria ser passado na TV aberta no lugar de um capítulo da novela das nove. Faria um bem danado á humanidade.
Não foi a toa que o filme foi indicado ao Oscar. E azar foi do Oscar de não ter a honra de enfeitar a estante de Juliano e sua turma.
Duas histórias:
Sebastião e meus filhos:
Meus filhos, por exemplo, já conhecem faz tempo a obra de Salgado. Aliás, foi ele quem me ajudou a educá-los. Sim, isso mesmo. Quando meus filhos eram pequenos e não queriam comer ou ficavam com frescura tipo ´´não gosto de batata´´, não quero essa carne´´, ´´esse carrinho não foi o que eu pedi´´, eu pegava o livro Éxodos e Retratos de Crianças do Éxodos e passava página por página, mostrando para os meninos aquelas crianças que a vida e os homens, esqueceram. Em 2 minutos, os dois já tinham raspado o prato! Obrigado, Sebastião!
Terceiro Mundo:
Quando vamos á casa de alguém como convidados, jogamos o guardanapo no chão? Largamos a empada pela metade em cima do sofá? Ou levantamos da mesa durante um jantar e vamos embora sem despedir? Claro que não, ou assim espero!
Pois foi exatamente isso que alguns convidados da grande noite fizeram. O Cineart preparou uma bela noite e na fila da minha frente um casal se fartou com pipoca e refrigerante e foi incapaz de jogar o copo na lixeira. Deixou lá, em cima da cadeira, como se fosse a coisa mais natural do mundo a pipoca espalhada. Outras pessoas se levantaram e saíram da sala na hora do debate, atrapalhando o momento. Vergonha alheia.
Ah, sim, e não eram pessoas sem conhecimento. Não mesmo. Eram pessoas educadas, estudadas e viajadas que vergonhosamente não sabem se comportar com civilidade. E depois ainda reclamam que o Brasil é um país de terceiro mundo.