Como acabar com um mito


Dizem que só evoluímos quando nossos mitos tombam.
Não evoluí nem um milimétro, mas um de meus muitos mitos, desabou por terra.
Pra quê, meu Deus, eu fui inventar de ler o livro Sissi, a Imperatriz Solitária?????????
Depois deste livro nunca  mais vou poder assistir a um de meus filmes clássicos, Sissi!
Sim, porque a Sissi do filme não é nem uma sombra do que realmente foi a Sissi original.










O livro, ótimo por sinal, da americana Allison Pataki, conta a vida de Sissi, a imperatriz mais bela que o mundo já viu, a partir de seus 34 anos, até a sua morte aos 60 anos. 
E o que se vê nas páginas do livro é uma mulher de uma beleza arrebatadora, que hipnotiza reis, rainhas e plebeus. Sissi também era alegre (quando lhe convinha), esperta,  inteligente e cheia de vigor físico. Adorava a natureza, a vida no campo, cavalos e ... homens. Era curiosa, calorosa e divertida (também quando lhe convinha).
Mas também era  uma mulher extremamente egoísta, egocêntrica, vaidosa e hedonista. Incapaz de cuidar de seus filhos e de lutar por eles.
Uma mulher que achava que a vida era apenas o prazer, que odiava o trabalho (sim, nobres trabalhavam!), as regras e as normas. Sissi era aquele tipo de pessoa que acha que a vida lhe devia tudo! Deslumbrante, poderosa e sedutora, Sissi tinha a seus pés os homens mais poderosos do mundo. Mas dentro de sua própria casa, Sissi era detestada e invejada. 
Mantinha uma completa distância da criação dos filhos pequenos, ignorava solenemente os ministros e oficiais que trabalhavam para o governo, tratava com frieza o marido e odiava a sogra. Dentro de seus luxuosos aposentos em Viena, Sissi só pensava em sua próxima viagem, suas cavalgadas, sua beleza e seus amantes.

Sissi era incapaz de entender que na vida existem problemas e sofrimento. Quando um dos dois aparecia em seu caminho, ela simplesmente os ignorava e viaja. Grécia, Inglaterra, Suiça, Irlanda, Egito. Com sua comitiva milionária, com todos os luxos e com todos aos seus pés, Sissi simplesmente fazia o que lhe dava na telha, sem se importar um minuto se quer com seus filhos, amantes, amigos, seu cargo como imperatriz ou seu marido. Obcecada com a forma física e com a beleza, Sissi gastava metade de seu dia em frente ao espelho. Tinha pavor da feiura e da velhice.
Inquieta e mimada, Sissi nunca estava satisfeita. Em 1887, quando  acabou de gastar milhões construindo um palácio em Corfu, decidiu que não o queria mais! ´´Cansei´´! Simples assim. 

Sissi também achava que a coroa era um direito ´´divino´´, portanto não precisa fazer nada para mantê-la. Ela odiava os compromissos oficiais, odiava a vida na corte e odiava qualquer tipo de regras. Ora, ela era a imperatriz do reino mais rico da Europa! Para que se dedicar a alguém ou alguma coisa?

Mas como sempre fez o que quis, a vida mandou a fatura. E foi alta. Sissi, a mulher mais bela do mundo, perdeu o filho (que ela nunca cuidou) de forma trágica , perdeu a admiração do seu povo e o carinho de suas filhas. Acabou a vida sozinha, longe de seu país,  lutando contra a velhice que teimava em chegar. Morreu só, num dia cinzento, assassinada por um louco.

Sissi não foi uma imperatriz solitária. Longe disso. Sissi foi uma mulher deslumbrante que achou que só isso seria o suficiente.

Ok, detonei um pouco a pobre Sissi, mas leiam o livro e me falem se tenho ou não razão!

Agora, se alguém escrever outro livro contando a verdade sobre Cinderela, Lady Di ou  Branca de Neve vou me recusar a ler! Deixem minhas princesas em paz!!!











Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia Kika! Estive em Viena em Setembro passado e de facto a princesa Sissi é uma presença magnética. No entanto, depois de visitar o palácio de Schonbrün e de conhecer a sua vida com mais detalhe, percebemos que a realidade não tem nada a ver com o mito. Concordo com tudo o que disse, mas tenho a acrescentar o grande sofrimento que deve ser viver nessa torrente de egocentrismo e de vaidade, sem conseguir amar verdadeiramente. Além do mais, Sissi sofria de anorexia e seus filhos foram retirados em tenra idade para serem educados por perceptores.
Um beijo de Lisboa!